Saturday, October 28, 2006

Mesa de bar

Pois é, internet pode ser legal e tudo, mas trocaria todo o tempo e tudo que escreví aqui por uma boa noite falando bobagens com meus amigos numa mesa de bar. Insubstituível.

Friday, October 27, 2006

A reinvenção da roda

Um dos maiores problemas do mundo, como já disse por estas bandas, é a falta de auto-crítica de cada indivíduo que nele reside. É verdade que é necessário um pouco mais de introspecção e menos desculpas na hora de se fazer as coisas. Afinal, não existe a solução perfeita para um problema, e sim, a mais adequada, segundo certos critérios num determinado momento (período de tempo).

Entretanto, há-de se ter em conta que o conhecimento não é apenas fruto de divagações ou de constantes consultas a isso ou aquilo (ou a esse ou àquele). Um factor importantíssimo é posto de lado, por medo ou vaguez, a chamada práctica. O conhecimento empírico proveniente dos erros e acertos constantes. Para que estes existam, é necessária uma acção. Ou seja, menos blábláblá, menos comissões e mais mãos à obra!

Enquanto escrevo estas linhas, não produzo aquilo que há anos e anos tenho protelado: desenhos. Amordaço-os e os enterro vivos dentro de mim. Engano-me, ao tentar convencer-me que isto afinal também é produzir, quando em maior parte, trata-se de uma manobra de diversão. Tão clara com o facto de não haver tal coisa como "uma foda adiada", mas sim, "uma foda perdida"(pardon my french!); é a mentira de que tais desenhos seguem vivos à espera de verem a luz do dia.

Cada idéia que não seguiu o seu caminho para o papel é uma idéia minguada.

Enquanto existir matéria, existirão idéias. Essa é a minha pedra de salvação e minha maldição em simultâneo. Ao menos até aqui tem sido. Não tento pregar nada a ninguém, e nem gosto que mo façam. Portanto, a única mensagem que quero transmitir é qualquer uma que motive alguém a deixar de esquentar tamburete e produzir!

Tuesday, October 24, 2006

Uma estranha calma II

Starlight

E aqui o vídeo, para seguir com o texto...

Uma estranha calma

Com alguma expectativa, espero o show ao qual assistirei neste sábado. Aqui, uma bela surpresa do último álbum:

"Starlight" (MUSE, Black Holes and Revelations)

Far away
The ship is taking me far away
Far away from the memories
Of the people who care if I live or die

Starlight
I will be chasing the starlight
Until the end of my life
I don't know if it's worth it anymore

Hold you in my arms
I just wanted to hold
You in my arms

My life
You electrify my life
Let's conspire to ignite
All the souls that would die just to feel alive

But I'll never let you go
If you promised not to fade away
Never fade away

Our hopes and expectations
Black holes and revelations
Our hopes and expectations
Black holes and revelations

Hold you in my arms
I just wanted to hold
You in my arms

Far away
The ship is taking me far away
Far away from the memories
Of the people who care if I live or die

And I'll never let you go
If you promise not to fade away
Never fade away

Our hopes and expectations
Black holes and revelations
Our hopes and expectations
Black holes and revelations

Hold you in my arms
I just wanted to hold
You in my arms
I just wanted to hold

Ping Pong

O comeback de um amigo blogger (que motivou-me a começar o meu próprio, em primeiro lugar) acabou por despoletar um (espero que assim seja) diálogo, ainda que indirecto ou subentendido.

Tal como ele, eu também sinto bastantes vezes um forte bloqueio. Tenho um computador no meu quarto, o que já elimina a necessidade(que não geraria nenhum impulso!) de escrever no trabalho. Ao contrário dele, no entanto, sinto que, ao menos (e assim espero) de momento, não tenho tantas idéias assim.

Ou pior, que não sinto necessidade ou utilidade em transmití-las. Talvez por crer que o conhecimento, qualquer que seja, para ser transmitido, depende primeiramente de amor. Na verdade, a transmissão seria um acto de amor em sí. Isso é o que difere um bom professor de um mal, o carinho, a paixão. Mas não nos perdamos.

Creio que inconscientemente, faz tempo que decidí ser "Spock". O problema é que não estou de todo seguro que não o seja/possa ser.

No meio tempo, pairo num limbo o qual é retroalimentado por mim mesmo. Uma espiral de desculpas que se amontoam e impedem-me de fazer qualquer coisa de criativo. Produzir, afinal de contas, é comunicar. Se sinto necessidade de gritar mas sem importar se me escutam, existe comunicação? É pertinente então transmitir algo? A quem?

Meu buffer, como ele menciona, está cheio, mas de outra maneira. A minha sorte é ter uma mente bastante associativa, o que me permite eleger um tema e divagar, sobre o que for. Se a divagação chega a algum lado , isso já é outra história. No final desta, quase seguramente, haverá mais perguntas que no início de sua leitura (ao menos assim espero).

De momento, minha única certeza é a de que preciso fazer um reset (sim, actualmente, utilizamos o método inverso e adoptamos terminologia informática para descrever acções humanas - quando
a informática proverá justamente da forma de pensar as mesmas). Isso, portanto, ficará para Dezembro, quando estarei por esses lados do Atlântico.

Até lá, outras coisas me irão movendo (assim pretendo).

Monday, October 23, 2006

A difícil tarefa

Às vezes antes de dormir, escuto uma voz dentro de minha cabeça, que me impele a agir de uma determinada forma, por assim dizer, correcta e justa. É uma espécie de esquizofrenia-moral. Supostamente saudável, essa espécide de grilo-falante invisível, converte-se em um flagelo que pode, entre outras coisas, privar-me de meu sagrado (e geralmente descontínuo) sono. Tal mazela conduz-me a escrever textos como este ao meio da noite.

Sempre tenho estado buscando uma resposta ao porquê de tal "sensação" ou agouro, tentando identificar um culpado por sua gênese. Com muito esforço, conseguí reduzir uma ampla lista a 3 factores básicos: 1)anos de injecção de um sentimento de culpa moral, fruto da chamada "educação católica"; 2) um sentimento de lógica humana geral (common sense), que poderia elevar-me à condição de profeta, caso lhe desse mais ouvidos; 3) (numa mistura dos pontos anteriores) a noção de que ao pertencer a uma classe melhor favorecida, em meio à miséria reinante no meu país de origem, ser-me-ia incumbida uma espécie de tarefa de ser um paladino da justiça e igualdade.

Ao falhar em estabelecer uma prioridade - se identificar o que é e como resolver/eliminar tal situação, ou se buscar um culpado e livrar o peso que sinto em minhas costas - sigo sofrendo. Uma vez mais, poderia aplicar o paradoxo do ovo e da galinha. Parece que as coisas são todas cíclicas e que tudo ao final, volta ao mesmo.
O sinal regressa à origem. Mas será assim sempre?

Todo esse tema volta a relacionar-se com manipulação. Em que medida sou levado a crer e agir segundo uma lógica alheia e contrária aos meus impulsos naturais? O que é inato e o que é fruto de catequese e dominação? Como ser coerente numa realidade cada vez mais cínica e hipócrita, onde os valores estão muitas vezes invertidos em nome do imediatismo? POrque afinal isso estaria errado?

Parece-me que cada vez mais, o dilema consiste em equilibrar as esferas pessoal (individual, celular) e colectivas (núcleos). Em que medida posso por a minha satisfação pessoal e imediata à frente do moralmente correcto estabelecido nítidamente em nome de um bem-estar colectivo - e que ao mesmo tempo, reverte-se a meu próprio benefício? Existe, sempre, uma tênue linha que separa o egoísmo do altruísmo (e vice-versa). E, a meu ver, por mais maquiavélico que tal pensamento possa ser, não vejo nada de errado com isso.

De certa forma, às vezes porto-me como um monge. Um monge que flagela-se a chicotadas por querer e afinal, não fazer aquilo que lhe dá nas ganas, culpando-se por ter certas idéias e impulsos. Pagando pelos erros de outros e decidindo não repetí-los.

O pior é que farto-me de enxergar conteúdos ultra-moralistas em obras de escritores que tanto aprecio e que de certa forma, profetizam um estilo de vida subversivo - segundo a óptica cristã anteriormente mencionada. Bukowski, Kerouac, Cohen, ... Todos eles redimem-se passando-nos divagações próprias acerca de seus excessos cometidos. Entretanto, tais excessos consistiam não em excessões, mas em regras comportamentais suas.

Que falta faz afinal manter uma "coerência" (moral)? Será isso apenas que nos caracterizaria por indivíduos? Como sê-lo, então, possuindo os mesmos valores?

Luke Rhinehart, em seu livro "o homem dos dados", propõem-nos imaginar um homem livre de amarras ditadas pela sua educação e origem. Ditado simplesmente pelo acaso e pelo seguir de seus impulsos primordiais, esse fulano seria, supostamente livre e mais são que os demais. Uma espécie de solução definitiva à multitude de factores e incógnitas com os quais devemos confrontar-nos no mundo "actual"(o livro foi escrito nos anos 50 do século XX), que nos apresenta situações de natureza caótica e de resolução contraditória - por vezes, esquizofrênicas até.

Ao vomitar tais pensamentos, que quase sinto como que não sendo meus, mas adquiridos por uma estranha osmose, provenientes do meu dia-a-dia; sinto haver calado/acalmado tal zumbido. Ao menos por hoje. Espero lograr em dormir bem. Amanhã é segunda-feira, e começo a ceder à paranóia colectiva que a fronteira ultrapassada do domingo supõe.

Sweet dreams e uma boa semana. Black holes & revelations aproximam-se.