Thursday, November 02, 2006

Marcelo Camelo

Odeio ser feito de estúpido. Chateia-me imenso, por não dizer pior, ao ver algum problema de interface seja onde for. O local onde isso mais frequentemente ocorre
deve ser a internet. Formulários pensados(?) que para serem preenchidos apenas contemplam um determinado número de respostas, servidores que emitem falsos feedbacks, etc.

Lendo um de seus posts, datado de 05/10/2006, tentei diversas vezes (20, 30?) enviar um comentário e a resposta, mais vaga impossível, foi "ocorreu UM erro não esperado ao enviar o seu comentário". Qual erro? Que campo haverei preenchido de forma equivocada ou insuficiente? Independentemente disto, eis o comentário que queria postar, referente ao texto mencionado:

"Confesso que não conheço muito a tua música nem a tua trajectória, mas pelas mãos de amigos, cheguei ao teu blog. Meio reticente, confesso que o teu post reflectiu algo em que penso bastante vez por outra.

O mais estranho dessa revolução que descreves é a sensação que sinto, misto de liberação ilimitada do ser humano (ainda que quiçás, apenas num universo virtual - que não deixa de ter seus tentáculos na realidade exterior à Net) e de opressão e controle iminetes (tráfico /tráfego de informação, liberdade vigiada, etc.).

Entretanto, nessa visão, o que mais curiosidade me desperta é saber como funcionará o inconsciente colectivo, numa realidade colectiva de dimensão global, mas ao mesmo tempo, cada vez mais segmentada e à la carte. A aleatoriedade de informação e de dados seguirá existindo, enquanto não sejamos clones ou meros productos de um determinado molde ou noção de ser humano, ditada por uma sociedade.

Mas existirá aquela sensação de júbilo ao reconhecer alguém da tua geração, ao assobiar uma canção?"

Adoro o aleatório, as funções Shuffle e Random em qualquer equipamento electro-electrônico. E aí residem meus maiores receios sobre em que medida, numa sociedade global, existirão em âmbitos geograficamente determinados, comunidades com um vínculo cultural, independente de sua origem e etnia. Este é um tema a desenvolver em mais detalhe em um futuro post.

Tuesday, October 31, 2006

Mysterious ways

Como é bom escutar/ver algo que te toca no fundo, que te transmite um sentimento de comunhão com a pessoa que produziu tal obra, condensando em uma canção, em um desenho, pintura, fotografia ou filme (etc.) uma sensação (ou conjunto de) de tal forma que te parece impossível dissociar uma coisa da outra. De discernir o significante do significado.

Este é o título de uma das minhas músicas favoritas. E veja que sou um fã do U2 da velha guarda, não um late-comer da época Achtung Baby! Na minha opinião, música imprescindível de qualquer top ten da banda irlandesa.

Há algo na batida hipnótica que condensa o erotismo e a sensualidade do universo feminino, em sua melodia sinuosa e sibilante, em sua lírica urbana que conjura toda uma série de sensações, resumindo sem explicar o que para mim representam as mulheres. Maldição e redenção.

Prefiro evitar os colectivismos e falar na primeira pessoa, sem medos nem máscaras. A verdade é que por mais jovem que seja a mulher, não qualquer uma, mas aquela que me engancha e mesmo que não saiba porquê, me atrai; existe uma aura que se impõe e que deixa-me sentindo uma criança inocente e indefesa. É quando sinto estar diante de uma Mulher. Daquelas que enchem uma cama, que tiram-me dos eixos e fazem-me esquecer de todo o resto, que me mostram em um lampejo que o tempo é fugaz e que sou mortal.

Na melhor das hipóteses, conhecerei alguém com quem compartir silêncios e miradas cúmplices, em quem sentirei fortaleza e que será uma pedra importante (mas não mais fundamental!) no chão onde me apoio. Na pior, esse alguém nunca será encontrado por eu haver desistido de encontrar. Em todo o caso, o importante é que a imagem da mulher ideal não existe, e que à ela elejo a todas as mulheres. Ignorarei o orgulho e não lutarei por provar nada a ninguém, apenas respeitarei todos os seus dogmas, sem ferir aos meus. Consciente de que mesmo o maior dos cabeças-duras, tem de curvar-se ao facto de que certas coisas carecem de compreensão e são como são. Às mulheres não cabem definições. Curiosamente, são aquelas com as quais sinto-me infantil as que conseguem ver "o homem na criança". Com alguma sorte, os véus são despidos e chega-se ao ventre. "She moves with it, lifts my days, light(s) up my nights..."

[late night draft]