Saturday, January 02, 2010

Novo ano...

Não me considero uma pessoa nostálgica. Curiosamente, há alguns minutos, enquanto almoçava, via um artista na tv falar sobre este tema. Dizia que a nostalgia seria algo como um refúgio de uma vida aborrecida ou que atravessa um mal momento. Nos últimos tempos, e já lá vão largos meses de prática, obriguei-me a investir no agora, deixando de concentrar-me em momentos passados. Viver o presente, o único lugar onde se vive, a cada instante. Entretanto, o início de um novo ano, resoluções à parte, leva-me sempre a uma espécie de revisão ou repasso de eventos e prioridades.

Dediquei parte destes 2 primeiros dias de 2010 a ver filmes de guerra, altamente recomendáveis: "Black Hawk Down", "The hurt locker" e "Waltz with Bashir". Visionava-os como parte de um processamento de idéias para um projecto em comum com um grande amigo. Ao ver tais histórias, o que ficou latente de todos esses filmes foi a importância da vida em seus pequenos detalhes e nos laços que criamos ao longo dos nossos percursos pessoais.

Lembrei-me então de um pequeno episódio que para mim foi muito significativo: a primeira vez que saí de minha cidade, em companhia de amigos, para uns dias de férias. Éramos 4 ao todo, mas o nosso grupo de amigos embora maior, era muito inerte e já bastante nos custou organizar a pequena aventura. Íamos passar um largo fim-de-semana (4 dias) em uma praia, a 90km de nossa cidade. Como cada geração costuma dizer, esse lugar era então um pouco selvagem e muito pouco turístico. Talvez isso explique que um percurso tão curto levasse 2h em ser feito, pese o trânsito quase inexistente.

Lembro da sensação de em uma época pré-internet (refiro-me ao seu uso civil e global) meter-me com 3 amigos em um ônibus, rumo a um lugar que não conhecíamos, sem o preparo que nos daria uma reserva em um hotel e um cartão de crédito. Tudo muito rudimentar. Íamos preparados com uma tenda de campanha - que nenhum de nós jamais havia montado em sua vida - como plano B.

No final, foram 4 dias de pura diversão adolescente, com muita bebida e sobretudo, boa onda e uma grande vontade de desfrute. Foi uma pequena semente posta num vasto horto, que terminou por germinar e expandir-se além do esperado.

Hoje, separado por milhares de kilômetros e memórias, de uns mais que de outros, penso na união que é criada ao partilhar experiências. Parece evidente, mas o óbvio, como costumo dizer, sempre o é depois. Uma espécie de refúgio dos medíocres. Penso nas pessoas com quem compartí momentos em poucos, mas distintos pontos do planeta e na fortuna que representa para mim poder havê-lo feito. Meu objectivo é seguir fazendo-o, cada vez mais, em mais lugares.

Noites mal dormidas, longas caminhadas em silêncio, queixumes, e etc.; é impressionante como todo o negativo converte-se (ou pode sê-lo) em algo bom. Novamente, um rascunho a desenvolver melhor por aqui. E pensar que o conceito inicial era falar um bocadinho de cinema...=)



1 comment:

Sebastián Pitombeiras said...

Boa Everaldo! Meu dia ficou mais feliz em ler este post, principalmente ao lembrar q eu estava no ônibus contigo! hehe Vc é um grande "escrevinhador".