Monday, November 13, 2006

Auto-ajuda

Já vinha pensando nisso há algum tempo. Talvez esteja num eterno processo de tentar reinventar a roda, visto que nem leio livros de psicologia nem vou à terapias. Portanto, para a eventualidade de estar sendo lido por algum profissional do ramo, cale e leia ou então clique no "x" dentro do quadradinho vermelho no canto direito superior desta janela.

Retornando ao tema adiado, a minha questão (? dá-me igual a resposta, já verão!) é até que ponto faz bem falar tudo que nos vem à mente? Até que ponto devemos dar-nos ouvidos, pra início de conversa? Minha teoria é de que ao tentar explicar as minhas acções, justificando-as perante os outros/a sociedade, estaria vivendo com medo. Pedindo desculpas eternamente, como o católico fervoroso que vai à igreja todos os domingos "religiosamente" não pela sua fé, mas movido pela culpa que lhe foi incumbida durante toda a sua vida e cuja espiral ele alimenta.

Ao contar meus problemas, dou-lhes forma. Uma coisa é jogar pra fora, mesmo que para mim mesmo, numa folha de papel ou num blog(!) tudo (ou quase) que me passa pela cabeça, na tentativa de isolar e descobrir "o" elemento dissonante, causa de noites perdidas de sono ou raio que o valha. Outra bastante distinta, e nada positiva, seria dar forma a um comportamento paranóico, ao crer que sempre que me sinta angustiado ou melancólico, que isso não possa advir simplesmente de um desequilíbrio químico do meu organismo - semelhante aos mecanismos que fazem com que uma grávida tenha desejos de comer carne, quando o seu organismo detecta um baixo nível de proteínas. Talvez um semelhante mecanismo auto-regulador pudesse assim ser desactivado à força pelo recurso a algum remédio, que por isso, não seria nunca sanado. Seria como dar à dita grávida uns bolinhos ou uma bandeja de biscoitos.

Creio por isso que às vezes, e não são poucas, o melhor mesmo é calar.

2 comments:

Roberto Mello said...

Não posso deixar de lhe dizer o quanto vc está num caminho errado.
E digo isso de minha própria experiência.
De certa forma algumas de nossas filosofias prévias compartilhadas acabaram por me causar imenso mal, algo na linha expressada nesse post. Algo como "eu mesmo crio meus problemas então eu mesmo devo resolvê-los". Errado tanto pela questão do falar como da questão "química".
Como isso é algo que vc se esquiva e ainda ataca, deveria ler sobre o tema, de forma isenta, desarmada de "pré-conceitos" que vc traz faz tempo.
Não quero me estender nem ser catequisador, portanto esse não será um embate de idéias.
Só tenha certeza que o que forma seus problemas não é o falar. Mas isso demonstra um desejo seu que assim fosse.
Livre-se de seus pré-conceitos e aceite se desarmar.
Sugiro que tente ler dois livros. Um chamado Freud Básico e outro (talvez o melhor pra vc) chamado CARTAS A UM JOVEM TERAPEUTA, esse último de um dos caras mais inteligentes e que eu mais admiro, chamado Contardo Calligaris.
Abraço.

Evz said...

De certa forma, é um processo semelhante ao de John Nash, ao buscar combater pelo raciocínio lógico, a sua situação de esquizofrênico. A meu ver, uma tarefa facilmente taxável como impossível. Só isso. Ví que adoptar uma postura positivista no sentido de não alimentar problemas, ou de germiná-los, agora concentro-me em soluções, e tento relevar todo o que gire ao redor de culpabilizações ou dramas desnecessários.